Sortelha: uma aldeia sem gente dentro
Visitei Sortelha porque o meu objectivo neste espaço é mostrar locais menos conhecidos do nosso país, mas mais do que isso, mostrar as pessoas que habitam esses locais e que são a alma de aldeias e vilas. É isso que mais me apaixona: conhecer e dar a conhecer as histórias das pessoas. E o nosso país tem lugares e histórias de vida incríveis, que valem muito a pena uma visita.

Rua deserta em Sortelha
Já voltei mais duas vezes e em nenhuma delas consegui cumprir esse propósito. A aldeia é lindíssima. É uma das aldeias históricas de Portugal. Mas de todas as vezes que a visitei, encontrei-a sempre vazia de gente (tanto locais como turistas).

Rua principal de Sortelha
Um caminho de solidão…
Atravessar Sortelha é uma experiência estranha. Para mim, pelo menos, foi. Lembro-me da primeira vez em que atravessei a aldeia de uma ponta à outra. Não vi ninguém (até o café estava fechado) e pensei “mas onde raio estão as pessoas que vivem aqui?”. Percorri várias ruas, andei na muralha, procurei restaurantes, lojas de recordações e nada. Quando passei os portões para atravessa a muralha, no topo da aldeia, avistei o cemitério e comecei a perceber… a quantidade de datas de falecimento posteriores ao ano 2000 era enorme. Era ali que as pessoas estavam… Fui percorrida por um arrepio. Nunca a desertificação do interior me tinha parecido tão evidente e tão bruta. Um enorme choque de realidade entre as ruas vazias e as campas recentes.

Telhados de Sortelha
Apesar disso, uma paisagem de sonho!
Apesar desta sensação, Sortelha vale bem o passeio. A construção das suas casas em pedra, as árvores que as ladeiam e a muralha da aldeia tornam-na num destino muito apetecível para fotografar. É especialmente bonita ao pôr-do-sol, embora a falta de vida (além dos gatos) possa tornar o momento demasiado intenso.