A história do Laurindinha



Nasci e vivo em Lisboa. Até à adolescência não conhecia a realidade do Portugal rural. Sabia que tinha tios e primos “na terra” mas não sabia onde essa terra ficava e não conhecia esse lado da família. Sou filha e neta única o que significa que todos os tios e primos são em segundo grau. Tinha cerca de 15 anos quando fui pela primeira vez a Tondela. Uma das minhas primas ia casar e a família ia juntar-se pela primeira vez em muitos anos.
O choque de realidade com o Portugal rural
Fiquei fascinada desde que cheguei. Tudo me parecia tão diferente, tão simples, tão humilde e ao mesmo tempo tão acolhedor… No segundo dia “na terra” fui cumprimentada por um senhor na rua. Quando lhe perguntei se nos conhecíamos respondeu: “Não é uma das sobrinhas de Lisboa do Ricardo do Carvalhal?” Senti-me imediatamente em casa e com vontade de conhecer mais daquele outro país que era tão distante do meu.
Palmilhar Portugal de caneta em punho
Desde essa altura, aproveito todas as oportunidades para conhecer mais do nosso país. Adoro Lisboa e o Porto, mas o caminho puxa-me mais para estradas nacionais e pequenas localidades. Felizmente tenho uma família e amigos que são muito fáceis de tirar de casa, por isso já levo muitos quilómetros por Portugal fora. E como não consigo viajar sem caderno e caneta acabei por me habituar a escrever sobre os locais, as experiências e as pessoas. Já sabia que ia ser “de letras”…
O flagelo dos fogos, um pai bombeiro e a Volta a Portugal em bicicleta
Nesses anos, houve mais duas actividades que me despertaram o interesse pelo interior: os fogos florestais e a Volta a Portugal!
Há quem diga que os fogos florestais nunca foram tão maus como são agora. É verdade, mas já eram muito maus há uns anos e já afectavam especialmente o Portugal rural, cada vez mais desertificado. O meu pai foi bombeiro mais de 30 anos e portanto acabei por passar muito tempo no quartel e conviver com as pessoas que iam para a frente de fogo. O meu Verão televisivo era dividido entre as notícias dos fogos e a cobertura da Volta a Portugal em bicicleta, a par com o meu avô Fernando, a tocer muito pelo Joaquim Gomes.
O jornal da escola e a descoberta do jornalismo
Como membro do jornal da escola secundária, calhou-me moderar um debate com várias personalidades convidadas pela nossa professora de português. A vista do palco para o auditório cheio de gente não me perturbou absolutamente nada e moderei o debate como se tivesse feito aquilo toda a vida. Uma das convidadas era a jornalista Teresa Conceição, da SIC, repórter habitual da Volta a Portugal. No fim do debate, uma conversa com ela fez-me finalmente decidir: ia ser jornalista! Entrei para o curso em 2003 e senti-me como peixe na água: tinha encontrado o meu lugar.
Os 3 meses na rádio e o mergulho na tecnologia
A minha paixão pelo jornalismo é enorme, tanto quando foi pequena a minha passagem pela profissão: 3 meses na rádio, que de tão intensos pareceram 3 anos e que foram uma das experiências mais incríveis que vivi. A minha vida profissional foi, até agora, muito variada, mas os últimos anos acabaram por me levar a mergulhar no mundo da tecnologia e do desenvolvimento de Software. Nunca aprendi tanto em tão pouco tempo. Houve um momento em que ficaram claras as várias peças do mesmo puzzle: o jornalismo, a escrita, o Portugal rural e os conhecimentos técnicos para construir um blog. Estava na hora de me fazer à estrada (literalmente e não só!).
Laurindinha?
Foi a primeira música que aprendi a tocar na guitarra e que adorava cantarolar. Recentemente, uma amiga disse-me “O teu blog devia ter um nome de rapariga da aldeia… não te ocorre nada?”. Claro que sim!